Projeto verão: Especialista alerta para riscos das dietas restritivas à saúde

Projeto verão: Especialista alerta para riscos das dietas restritivas à saúde

Estudos mostram que 95% das pessoas que fazem dietas restritivas perdem peso no começo e depois voltam a engordar, às vezes até mais do que o peso inicial

O chamado Projeto Verão, como é conhecido popularmente esse período do segundo semestre do ano em que começa a surgir a preparação para as festas de final de ano, costuma ser marcado pela pressão por um corpo em forma e um estilo de vida mais saudável, o que inclui o retorno às atividades físicas e também à busca por uma alimentação balanceada. Mas, para quem não buscou uma preparação adequada e abusou das festas de fim de ano, esta tendência é ainda mais percebida em janeiro, quando ocorre uma corrida por resultados rápidos de emagrecimento para reverter o ganho de peso. O projeto verão, muitas vezes envolve dietas restritivas e muita gente não sabe que esse hábito causa riscos à saúde. 

Para a nutricionista Flávia Amaro, professora de Nutrição da Estácio, as promessas milagrosas são focadas apenas nos resultados estéticos e a curto prazo, e não possuem base no conhecimento científico. “Nesse processo, em vez de gordura você pode estar perdendo massa magra [músculos] e líquidos, tão importantes para o bom funcionamento do corpo. Estudos mostram que 95% das pessoas que fazem dietas restritivas perdem peso no começo e depois voltam a engordar, às vezes até mais do que o peso inicial”, observa.

E algo ainda pior pode acontecer, de acordo com a nutricionista: “As dietas restritivas desregulam o centro da fome/saciedade, aumentando o apetite e diminuindo o metabolismo. Outro problema dessas dietas, é que não são sustentáveis por muito tempo, por terem como base a restrição alimentar”, ressalta.

Por outro lado, emagrecer e engordar constantemente, o conhecido ‘efeito sanfona’, causa problemas para o organismo. A professora explica que ocorre um desequilíbrio na concentração de hormônios importantes “para o controle neural do comportamento alimentar, como a insulina e a leptina”. O que quer dizer que o metabolismo vai ficar mais lento e a fome será cada vez maior.

“Além disso, a composição corporal piora ao longo do tempo, acumulando massa gorda e perdendo massa magra. Estudos também mostram a piora na distribuição da gordura corporal, com mais gordura prejudicial e menos gordura protetora. Isso pode causar aumento do estado inflamatório do organismo e maior risco de ter diabetes. Emagrecer e engordar o tempo todo ainda pode gerar flacidez na pele”, alerta.

PREOCUPAÇÃO COM A SAÚDE

Para a nutricionista, a preocupação maior que a sociedade precisa ter é com as doenças que acabam surgindo quando as pessoas estão acima do peso e que manter uma alimentação equilibrada e o hábito de atividades físicas são cuidados com a própria saúde. “O excesso de peso está diretamente relacionado a inflamações crônicas, hipertensão, dislipidemia, doenças coronárias, acidente vascular cerebral, câncer, diabetes tipo 2, doença da vesícula biliar, osteoartrite, doenças pulmonares, apneia do sono, entre muitas outras condições clínicas”, destaca.

Portanto, ela afirma que o ideal é fugir de tratamentos que prometem milagres; das dietas restritivas e dos exercícios exagerados. “A transformação do corpo deve acontecer de forma lenta, gradual e sustentada, com mudanças de hábitos possíveis de se manter para a vida toda”, orienta.

Para isso, a professora explica que um atendimento multidisciplinar vai ajudar no planejamento, que envolve desde nutricionista, a médico, psicólogo e profissional de educação física. “Algumas estratégias indicadas são a realização de uma alimentação equilibrada e saudável, reorganização de alguns hábitos, prática regular de exercícios físicos, gerenciamento de estresse e cuidado com o sono”, conclui.

Flávia Amaro, nutricionista e professora de Nutrição da Estácio.

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