Poliomielite: apenas vacinação pode afastar o risco da doença

Poliomielite: apenas vacinação pode afastar o risco da doença

Doença volta a preocupar autoridades devido à baixa cobertura vacinal; infectologista do Hapvida NotreDame Intermédica reforça importância da prevenção
Conforme recomendação do Ministério da Saúde, todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas contra a poliomelite

A poliomielite, também chamada de Pólio ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa causada por um vírus que pode infectar crianças e adultos e, em casos graves, acarreta a paralisia nos membros inferiores.

Segundo a médica infectologista do Hapvida NotreDame Intermédica, Silvia Fonseca, cerca de 25% das pessoas que têm a doença desenvolvem sintomas leves como febre, dor de garganta, náuseas e diarreia. Porém, um percentual pequeno pode apresentar problemas graves e permanentes.

“Cerca de 1% dos infectados pode desenvolver a forma paralítica, que pode levar a sequelas permanentes, causar insuficiência respiratória e, em alguns casos, levar à morte”, afirma a infectologista.

Sintomas como dores nas articulações, hipersensibilidade ao toque e osteoporose também podem ser sinais da Pólio. E, uma vez instalada, a forma mais grave, o acompanhamento é para toda a vida.

“Uma pessoa que tenha a forma paralítica da pólio pode ter o pé torto, as pernas podem crescer de maneira diferente, levando ao risco de escoliose e osteoporose. A pessoa pode, ainda, ter paralisia dos músculos da face, dificuldades para falar e ter problemas de deglutição. E isso é muito grave pois não há tratamento que reverta”, complementa a especialista.

Como prevenir?

A vacinação é a única forma de prevenção. E, conforme recomendação do Ministério da Saúde, todas as crianças menores de cinco anos devem ser vacinadas.

Desde 2016, o esquema vacinal contra a poliomielite passou a ser de três doses da vacina injetável (2, 4 e 6 meses) e mais duas doses de reforço com a vacina oral bivalente (gotinha).

A mudança está de acordo com a orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e faz parte do processo de erradicação mundial da pólio, sendo que no Brasil, especificamente, não tinha a circulação de poliovírus selvagem (da poliomielite) desde 1990.

Baixa adesão

Apesar da importância da vacinação, a adesão verificada ao longo dos últimos anos está em cerca de 60%, o que é preocupante na visão da infectologista do Hapvida NotreDame Intermédica. “Temos que evitar a poliomielite de qualquer maneira, porque se houver um surto da doença algumas crianças vão ter sintomas pro resto da vida e, infelizmente, outras vão morrer”, enfatiza ela.

Silvia Fonseca faz ainda uma ressalta: “Nós não temos imunidade contra a pólio. Então, qualquer pessoa que não esteja vacinada corretamente corre o risco de contrair a doença. Ela pode até ter a forma leve, mas não há nada que a proteja de desenvolver a forma paralítica, e ter até uma meningite.”

De acordo com o Ministério da Saúde, o ideal seria uma taxa de vacinação de, pelo menos, 95% do público alvo. E sobre essa realidade, a infectologista cita uma evidência: “As vacinas são vítimas do próprio sucesso. Então, muitas vezes, pessoas que não conviveram com a doença, acabam não conhecendo os perigos que rondam as demais. No entanto, hoje, temos acessos a vacinas muito seguras e eficientes.”

Contágio

O vírus da pólio pode infectar crianças e adultos por meio do contato direto com fezes ou com secreções eliminadas pela boca das pessoas doentes e, assim, provocar ou não a paralisia. O tempo de incubação (até os primeiros sinais e sintomas) varia de três a 35 dias, sendo mais comum a manifestação em até 20 dias.

Nos casos graves, em que acontecem as paralisias musculares, os membros inferiores são os mais atingidos. E as sequelas tornam-se permanentes pois o poliovírus se replica, destruindo os neurônios motores da medula espinhal, do tronco encefálico ou do córtex motor.  Atualmente, a Poliomielite ainda é endêmica em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão.

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