O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por um tipo de transtorno no desenvolvimento caracterizados por uma tríade de comprometimentos relacionados à Interação social; Comunicação e linguagem; Padrões comportamentais repetitivos e estereotipados. Para quem vive com o espectro, alterações sensoriais, como o incômodo com texturas, cheiros, barulhos e uma variedade de outros estímulos sensoriais, além da identificação de extremo interesse em determinados interesses, conhecida também como hiperfoco, dificuldades em habilidades de imitação, dificuldades em apresentar jogo simbólico, uso de pessoas como ferramentas, resistência a mudanças na rotina, comprometimento da atenção compartilhada, costumam ser comuns, além de outros. O Transtorno do Espectro Autista afeta cada pessoa de maneira única, não há um autista igual ao outro — nem em gêmeos idênticos.
A ONU em conjunto com a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência representa nesse ano de 2022 um compromisso com a redução da desigualdade por meio da inclusão social, política e econômica de todas as pessoas com deficiência. Todavia, muitas pessoas com autismo ainda vivem isoladas, discriminadas e desgarradas de suas comunidades ou até mesmo dentro da própria casa.
Durante a pandemia da Covid-19, a situação expôs muitas dessas desigualdades por meio da perda ou redução de contatos sociais, nas escolas e lares. A ONU para a campanha 2022 quer garantir que os direitos, as perspectivas e o bem-estar das pessoas com deficiência, incluindo aquelas com autismo, sejam parte integrante de uma melhor readequação e inclusão após a pandemia.
A ação escolhida pela ONU em combater a inconstância no atendimento de pessoas com TEA é a de aplicar mais sistemas de apoio baseados na comunidade para pessoas com autismo e também estabelecer sistemas de educação inclusiva com programas de treinamento que permitam aos estudantes com autismo acessar a melhor opção educacional. O uso de soluções tecnológicas para pessoas com autismo viverem de forma independente em suas comunidades é essencial para a aplicação dessa metodologia.
O Dia Mundial de Conscientização Sobre o Autismo foi celebrado no último dia 2 de abril, mas o mês segue com campanhas de disseminação e consciência social sobre a temática.
Terapia ABA
ABA (Applied Behavior Analysis) Análise do Comportamento Aplicada. É um dos braços da ciência conhecida como Análise do Comportamento, que se dedica a aplicações socialmente relevantes. Utiliza-se de métodos e princípios científicos do comportamento para adaptar e desenvolver repertórios socialmente relevantes e reduzir comportamentos considerados disfuncionais na busca por uma melhor qualidade de vida para a pessoa. A ciência é a forma de intervenção mais bem-sucedida, principalmente, se for iniciada nos primeiros anos de vida do paciente, realizada de maneira intensiva e por pelo menos dois anos. Estudos apontam que 80% dos casos apresentam boa evolução com as referências.
A Prof. Dra. Giovana Escobal, especialista em Análise do Comportamento e diretora do Instituto ABAcare, comentou sobre a Ciência ABA e sua importância: “essa é a ciência de escolha da OMS e de outros órgãos internacionais por sua efetividade comprovada pela literatura. A terapia ABA deve ocorrer em todos os ambientes da criança, adolescente ou adulto, em casa e na escola, ou onde a pessoa estiver, afirma a professora.
A especialista se anima com o aumento das pesquisas e enfatiza a importância da evolução do diagnóstico no país: “o TEA é encontrado em 1 em cada 44 nascimentos hoje. Antigamente, por exemplo, algumas pessoas autistas eram diagnosticadas como esquizofrênicas ou deficientes intelectuais. Assim, certa forma a alta prevalência é positiva, pois favorece mais estudo, mais informação disseminada, as avaliações aprimoradas, o diagnostico diferencial em maior frequência, e causas investigadas” comenta Giovana.
Para finalizar a professora e doutora reforça a difusão das informações e pesquisas relacionadas ao Transtorno: “É importante que as pessoas conheçam as características dos autistas para entender, respeitar e saber lidar com essas pessoas e suas famílias. Tanto as crianças diagnosticadas, como os próprios pais precisam ser acolhidos por profissionais qualificados que forneçam as informações corretas”, conclui a especialista.