Mórbida

Saliva amarga
Sofrer egocêntrico
Maltrata a carne
Humilha e me joga vezes por vezes num chão esburacado e frio
Não tenho como me erguer
Não tenho forças. Não tenho corrimãos humanos para me segurar.
Escadas íngremes estão no meu caminho
O cansaço e a fadiga mastigo com fel o meu pedido de socorro.
Vida maligna por entre frestas vejo a minha iniquidade prosperando.
Já não tenho mais um pôr do sol.
Pedras descomunais machucam os meus pés.
Desatino maldito
Cala minha voz
Transcende minhas sombras
Cega o meu trilhar
Esfola vezes por vezes
As minhas atitudes.
Tudo o que faço é incerto e aprimora cada vez mais o meu pedido de socorro.
Já não tenho mais chances
A idade corrói as minhas entranhas
O fracasso impera no meu viver.
A decepção me enlouquece
Vida vazia
Fria e inconsequente
Me sinto morta, velha, fraca, esquecida e maltratada.
Ah! Pensamentos tristes
Que me restam esmola dos meus deslizes
Que são infinitos e se proliferam a cada segundo.

Valéria Rizzo Stella

É uma talentosa escritora apaixonada por histórias antigas. Com sensibilidade e profundidade, traz aos leitores poesias envolventes e curiosidades fascinantes sobre as civilizações do passado.