Celebrado em 31 de maio, o Dia Mundial sem Tabaco traz um alerta importante quanto ao uso do tabagismo. Anualmente, diversas doenças estão relacionadas ao hábito, incluindo vários tipos de câncer, como é o caso do de pulmão, cavidade nasal e seios paranasais, cavidade oral, faringe, laringe, esôfago, estômago, ureter, bexiga, colon e reto e colo do útero, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Aproximadamente, 10% da população brasileira acima de 18 anos é tabagista. Apesar dos avanços, o vício afeta mais de 20 milhões de pessoas no país.
Entre os mais jovens, o cigarro eletrônico tem sido sensação. Justamente por vir “disfarçado”, jovens têm preferido os dispositivos e acreditam ser menos danosos à saúde. Diferente da versão convencional, os sabores e aromas agradáveis acabam mascarando e tornando os riscos invisíveis para o grupo.
De acordo com uma pesquisa desenvolvida pelo Inca, o cigarro eletrônico aumenta mais de três vezes o risco de experimentação do cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Além disso, o levantamento reforça ainda que o cigarro eletrônico eleva as chances de iniciar o uso do cigarro tradicional para aqueles que nunca fumaram.
“Muita gente acredita que o vape é inofensivo, mas o fato é que ele contém substâncias tóxicas – assim como os cigarros tradicionais – e também a nicotina, que gera dependência e são prejudiciais à saúde. Por isso, o melhor é se afastar de qualquer hábito relacionado ao fumo”, comenta Diocésio Andrade, oncologista da Oncoclínicas Ribeirão Preto.
Mesmo sendo proibido desde 2009 pela Resolução de Diretoria Colegiada nº 46 da Anvisa, o cigarro eletrônico atrai cada vez mais usuários. O aditivo de aromatizantes, como mentol, chocolate, chiclete, entre outros, é usado para atrair um maior público.
Quanto à fumaça liberada pelos vapes, é possível encontrar elementos que vão além da nicotina, como: chumbo, propilenoglicol, glicerol, acetona, sódio, alumínio, ferro, entre outros.
Risco invisível
Além das substâncias presentes no dispositivo serem mais viciantes, algumas pesquisas sobre o tema apontam que o cigarro eletrônico, assim como o convencional, pode afetar não só o sistema respiratório, como também desregular alguns genes do organismo. O estudo realizado por um professor da USC Ahmad Besaratinia, mostrou que esse impacto ocorreu nos genes mitocondriais e chegou a interromper vias moleculares que fazem parte da imunidade e resposta inflamatória. Ou seja, os elementos que compõem os dispositivos podem futuramente desencadear doenças autoimunes e atrapalhar na recuperação de outros distúrbios do corpo.
Tabagismo aumenta incidência de câncer do pulmão
O tabagismo continua sendo o maior responsável pelo câncer de pulmão no Brasil e no mundo. Aliás, não apenas deste tipo de tumor: segundo o Inca, 161.853 mil mortes poderiam ser evitadas anualmente se o tabaco fosse deixado de lado, sendo que cerca de ⅓ destes óbitos são decorrentes de algum tipo de câncer relacionado ao hábito de fumar.
Apenas no Brasil, é estimado que durante o triênio 2023-2025 cerca de 32.560 casos de câncer de traqueia, brônquios e pulmão, como classifica o Inca, sejam descobertos a cada ano. Na Região Sudeste, a doença ocupa a terceira posição entre as neoplasias mais frequentes em homens e a quarta, entre as mulheres.
Em Ribeirão Preto, dados da Secretaria Municipal da Saúde apontaram 121 óbitos no município por câncer de brônquio ou pulmão, em 2022, sendo a faixa etária acima dos 60 anos a mais atingida.
A maioria dos pacientes com câncer de pulmão apresenta sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório. “Apesar de ser considerada uma neoplasia silenciosa, algumas pessoas podem apresentar sinais do câncer de pulmão ainda em sua fase inicial, o que aumenta as chances de um tratamento efetivo. Entre os mais comuns estão: tosse persistente, escarro com sangue, rouquidão, falta de ar, pneumonia recorrente ou bronquite e sentir-se cansado ou fraco. Nos fumantes, o ritmo habitual da tosse é alterado e podem aparecer crises em horários incomuns”, diz Diocésio.
O médico comenta ainda que a mortalidade por câncer de pulmão entre fumantes é cerca de quinze vezes maior do que em pessoas que nunca fumaram. “Vale ressaltar que sempre está em tempo de abandonar o vício e quanto antes fizer, melhor será sua qualidade de vida, além de reduzir os riscos e complicações de dezenas de doenças”, explica o oncologista.
Vida nova
Parar de fumar é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de pulmão e diversos outros tumores, além de doenças cardíacas, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonia, AVC (acidente vascular cerebral) e complicações severas decorrentes da contaminação pela Covid-19.
“A melhor alternativa é parar de fumar e se conscientizar sobre os riscos que tanto o cigarro tradicional, como o eletrônico podem causar à saúde”, finaliza.