Desde as medidas de isolamento as milhares de mortes causadas pela covid-19, a população passou a discutir e reconhecer a importância da saúde mental, celebrada no dia 10 de outubro. Dados da OMS apontam que mais de 1 bilhão de pessoas no mundo vivem com transtornos mentais, especialmente ansiedade e depressão. Em 2023, o relatório anual do Estado Mental do Mundo apontou o Brasil com o terceiro pior índice envolvendo a saúde mental dos brasileiros, à frente somente do Reino Unido e da África do Sul.

Segundo a psicóloga do Grupo São Lucas de Ribeirão Preto, Paula Mattos de Carvalho (CRP 06/99551), a temática não pode ser discutida sem abordar desigualdade econômica. Assim como psicoterapia e tratamentos medicamentosos geram um custo para um país, o não crescimento econômico também irá trazer um peso na saúde mental da população. Com isso, a melhor ferramenta para transmitir conhecimento são simpósios, propagandas e divulgação sobre pesquisas e tratamentos disponíveis através dos meios midiáticos.
“Após a pandemia do Covid, a busca por acompanhamento psicológico disparou, em especial, pela rede SUS do país. Porém, ainda se tem um problema na ‘aquisição’ deste tratamento, o financeiro. É mais fácil e rápido um profissional da psicologia no quesito particular. E quando a pessoa não tem essa disponibilidade? Aqui temos dois cenários, a rede pública com o CAPS, faculdades de psicologia com o atendimento de alunos supervisionados e demais instituições que cobram um valor simbólico e os convênios médicos. Ambos lotados, com fila de espera e falta de profissionais. O suporte familiar, as conversas sobre assuntos relacionados e apoio social são meios que nos ajudam a lidar, mesmo que superficialmente, as nossas demandas”, comenta.
Ela ainda enfatiza que, o suporte das empresas é essencial para a administração do rendimento dos funcionários, proporcionando ferramentas que mostrem ao empregado que ele é visto como um todo, um ser bio-psico-social-espiritual, podendo recorrer ao acompanhamento psicológico e/ou psiquiátrico quando avaliado a necessidade. Dados exclusivos do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2024, o Brasil registrou mais de 470 mil afastamentos do trabalho por transtornos mentais.
Outro ponto que, segundo a psicóloga, deve ser observado é a adesão de políticas públicas. O relatório “Mental Health Atlas 2024” da OMS destaca que muitos países ainda gastam cerca de 2% do orçamento de saúde em pautas relacionadas a saúde mental. Com isso, a adesão de novos modelos de atendimento psicológico precisa existir para auxiliar e alcançar a populações em áreas remotas e de baixa renda.
“Algo que nos beneficiou neste sentido de buscar ajuda profissional foram os atendimentos online. Além de abrir o leque de atendimentos psicológicos, tem a questão financeira que, em casa, você não tem o custo de deslocamento. Em Ribeirão Preto, contamos com os CAPS´s (Centro de Atenção Psicossocial), atendimentos realizados de forma gratuita por alunos de graduação em psicologia supervisionados pelos seus professores e o CVV (Centro de Valorização da Vida), que é uma linha direta com voluntários para acolher no momento de uma crise. Pegando o exemplo de Ribeirão que é uma cidade com, aproximadamente, 700 mil habitantes, há apenas 5 CAPS disponíveis para atendimento gratuito e que, algumas vezes, conta com a falta de profissionais contratados. A criação de novas políticas públicas e igualdade social são de extrema importância no país”, concluí.
Sobre o Grupo São Lucas
O Grupo São Lucas de Ribeirão Preto (SP) é uma marca de tradição, qualidade e confiança em medicina de excelência há mais de 50 anos, com médicos especialistas, atendimento humanizado e estrutura própria com alta tecnologia. É composto pelo Hospital São Lucas, Hospital São Lucas Ribeirania e São Lucas Medicina Diagnóstica. O Grupo, localizado em Ribeirão Preto (SP) é administrado pela Hospital Care, uma holding de serviços de saúde formada por mais de 30 unidades entre hospitais e clínicas, em 7 cidades do país.