Um dos legítimos orgulhos brasileiros é o agronegócio. O “celeiro do mundo” fornece grãos para o planeta. E haja soja para sustentar a criação do mundo civilizado. Só que o sucesso desse cultivo não pode fazer com que se repouse na glória e deixe de se preocupar com aquilo que vem angustiando o mundo: o aquecimento global.
A insensatez humana fez com que os recursos naturais chegassem a um ponto crítico de exaurimento. O conceito de sustentabilidade surgiu para conscientizar o mundo: sabendo usar, não vai faltar. Temos de ser prudentes, para deixar que os nossos sucessores também existam, vivam e possam usufruir da natureza, assim como nós também fazíamos, antes de nos tornarmos carrascos impenitentes.
O planeta está olhando com crescente angústia o que o Brasil faz com sua cobertura vegetal. Agora mesmo, divulga-se que 92% do desmate de áreas destinadas ao cultivo de soja no Mato Grosso foram ilegais. Tudo isso aconteceu em pelo menos cento e setenta e seis grandes fazendas, superiores a mil e quinhentos hectares.
O Mato Grosso é o maior exportador de soja no Brasil. A maior parte da produção vai para a China, o restante para a União Europeia. Ambas as importadoras estão atentas para a tragédia ambiental brasileira. Já estabeleceram barreiras para o ingresso de produtos oriundos de desmatamento. Para piorar, causou péssima repercussão a aprovação, pela Câmara Federal, de projeto de lei que autoriza a importação de mais de quinhentos herbicidas venenosos, proibidos em seus países de origem, para a lavoura tupiniquim.
Acrescente-se ao cenário, as contínuas provocações do governo brasileiro dirigidas à China. Esta grande potência, além de desenvolver plantio de soja na África, pretende tornar-se autônoma em seu próprio território. Sombria perspectiva para o agronegócio brasileiro. Soja plantada em desmatamento, tratada com veneno proibido na civilização. O que se fará com os milhões de toneladas de soja duplamente contaminadas – origem e toxicidade dos herbicidas? Espera-se que haja cabeças pensantes que levem a sério essas ameaças reais, concretas e inafastáveis. Não é impossível cumprir a Constituição – artigo 225 da Carta Cidadã – e progredir. É só querer e ter seriedade.