Se há tempo de chorar, já tudo chora, e as horas todas já desfilam em clamor.
Solução vento, geme a brisa e a luz da aurora, está em pranto a natureza e em lágrimas a flor.
Tu choras, neste tempo de chorar. Lá fora chora o frio, a neve e o sol polar.
Como a lágrima e a dor que tem sua própria hora, o tempo chora, porque é tempo de chorar.
A neve chora, quando em flocos se derrama, e pelo orvalho da noite chora em voz calada.
O fogo chora ao crepitar da própria chama, se canta o galo, é porque chora a madrugada.
O mundo chora desde a edênica cilada, e a natureza em pranto dobre-se enlanguesce. Em lágrimas de fogo, as estrelas choram na amplidão. Sob o manto dos cabelos choro Eva inconsolada, no suor do próprio rosto, em longa prece chorou Adão. No suplico do calvário, chorou cristo em aflição.
Só possuem religião os que a praticam pela fé, os demais são curiosos visitantes.