Imagine viver em um mundo onde tudo é visto em preto, branco e tons de cinza. Para pessoas com acromatopsia, essa é a realidade diária. Trata-se de uma condição visual rara, hereditária, que provoca a perda total ou quase total da percepção das cores, afetando cerca de 1 a cada 30 mil pessoas.
A acromatopsia, também conhecida como cegueira de cores, é causada por alterações genéticas que afetam os cones da retina — células responsáveis por detectar as cores. A doença é transmitida de forma autossômica recessiva, o que significa que a criança precisa herdar dois genes alterados, um de cada progenitor, para manifestar os sintomas.

Segundo o médico oftalmologista da Hapvida, Breno Reis Almeida, a acromatopsia costuma ser identificada ainda na infância. “Geralmente, os sinais aparecem antes dos dois anos de idade, com sintomas como sensibilidade extrema à luz, movimentos involuntários dos olhos (nistagmo) e baixa acuidade visual”, explica.
Além da cegueira para cores, os pacientes com acromatopsia enfrentam dificuldade para enxergar em ambientes muito iluminados e apresentam visão embaçada. Em alguns casos, há uma forma parcial da doença, em que a pessoa consegue distinguir poucas cores, dependendo do grau de funcionamento residual dos cones.
Diferente do daltonismo — em que há uma dificuldade em perceber determinadas cores, como vermelho e verde —, a acromatopsia representa uma perda mais intensa e abrangente da visão colorida.
“Apesar de não ter cura, a acromatopsia pode ser gerenciada com o uso de óculos com filtros especiais ou lentes de contato filtrantes, que ajudam a reduzir a fotofobia e a melhorar o contraste. Além disso, dispositivos eletrônicos adaptativos e auxílios visuais também podem melhorar a qualidade de vida dos pacientes”, ressalta o oftalmologista da Hapvida.
A condição pode afetar homens e mulheres de qualquer origem, mas tem maior incidência em comunidades com alta taxa de casamentos entre parentes, devido à maior probabilidade de herança genética recessiva.
Em um mundo construído com base nas cores, viver sem elas impõe desafios diários. No entanto, com diagnóstico precoce e o suporte adequado, é possível adaptar-se e levar uma vida com mais conforto e independência.